Festival agitou Olinda e trouxe atrações de todo o mundo
O Mimo é um festival muito interessante, que acontece anualmente em diversas cidades históricas brasileiras como Ouro Preto, Paraty e Olinda. A pZ esteve presente na edição de Olinda do festival, que aconteceu de 4 a 7 de setembro.
Durante os quatro dias aconteceram shows, exibição de filmes, workshops e um intercâmbio cultural efervescente – tudo de graça. As apresentações ocorreram tanto num grande palco localizado na Praça do Carmo, como dentro das históricas e belíssimas igrejas da cidade pernambucana, patrimônio histórico e cultural da humanidade tombado pela UNESCO.
Como em todo evento deste porte, é difícil cobrir tudo o que acontece. De todas as apresentações que assisti de nomes mais desconhecidos, as que mais gostei foram a da James Duncan Mackenzie Band (Escócia), Bassekou Kouyate & Ngoni Ba (Mali), Trilok Gurtu Band (Índia), Winston Mcanuff & Fixi (Jamaica/França) e Chaarts (Suíça). Assistir um grupo de música tradicional celta dentro de uma igreja em Olinda foi algo que nunca esperei presenciar. Caso você não conseguisse uma senha para assistir ao show dentro de uma das igrejas, era possível assistir por um telão, montado do lado de fora, que apresentava tudo ao vivo.
Mas o Mimo deste ano em Olinda surpreendeu também por trazer Jorge Mautner, Chick Corea e a dupla Egberto Gismonti e Jaques Morelenbaum. Mautner se apresentou ao lado de Otto e mesmo com a chuva torrencial levantou a galera com sua performance e seu maracatu atômico.
Corea sofreu um pouco com a falação do público durante as passagens mais intimistas e abstratas de sua apresentação, que aconteceu na Praça do Carmo. No final ele se soltou mais, arriscou o português e ainda fez todos cantarem fraseados de seu piano. Foi uma apresentação forte e concentrada, que talvez teria surtido maior efeito dentro de uma das igrejas.
Já Gismonti e Morelenbaum realizaram o melhor show de todo o Mimo. A acústica da Igreja da Sé literalmente abençoou a inspirada dupla, que voltou, ovacionada, para nada menos que três “encores”. Gismonti terminou desejando muita criatividade a todos nós brasileiros. Foi histórico, na talvez mais histórica das cidades brasileiras.