Entusiasta de histórias e objetos militares, Lemmy queria um avião da Alemanha nazista na capa do terceiro disco da sua banda
Bomber
Motörhead
(Bronze, 1979)
Arte e design: Adrian Chesterman
O fato é que Lemmy é um dos mais subestimados letristas do rock. Quando se viu inspirado a escrever sobre um avião bombardeiro, após a leitura do romance Bomber (1970), de Len Deighton, ele usou um ritmo acelerado, tenso como uma missão aérea noturna da Segunda Guerra Mundial, na música que leva o nome do livro, e que dá título ao segundo álbum do Motörhead no ano de 1979 – e o terceiro da banda. A letra, igualmente delirante, descreve o evento de forma raivosa e, creia-me, poética.
Tendo o logotipo da banda e as capas dos dois primeiros LPs sido desenhados por Joe Petagno, em Bomber coube ao artista Adrian Chesterman dar vida à ideia de Lemmy para a aeronave militar em ação. Entusiasta de histórias e objetos militares, o baixista e vocalista queria um avião da Alemanha nazista: “os bandidos sempre fazem as coisas mais legais”, ele teria declarado quando a banda encomendou o trabalho a Chesterman, dando-lhe apenas uma semana para realizá-lo.
A partir dessas referências, e com o prazo curto, Chesterman usou o realismo a serviço de sua imaginação. Escolheu como modelo o bombardeiro médio Heinkel He 111, que fora desenvolvido na Alemanha nos anos 1930 violando o Tratado de Versalhes e usado na Guerra pelos nazistas. Montou um kit de aeromodelismo daquela aeronave, pintou, fotografou e realizou a arte com essa referência. “Eles queriam um efeito realista, então eu desenhei a coisa com aquela bomba saindo em sua direção”, explica Chesterman.
Fotos de Lemmy, Eddie Clarke e Phil Taylor rosnando foram aplicadas, como se eles tripulassem o bombardeiro, e depois pintadas. Os holofotes no céu noturno e as balas da artilharia antiaérea não deixam dúvida: o bombardeiro, com o Snaggletooth, ou War-Pig (os apelidos do logotipo do Motörhead), pintado na fuselagem, estava em plena missão.
Para a turnê – e muitas turnês seguintes – foi fabricada uma carcaça tubular de bombardeiro, o suporte de iluminação mais genial já visto, que curiosamente representava um quadrimotor, diferente do bimotor Heinkel He 111 da capa de Bomber.