Os venezuelanos do Estructura entrou para a história com o álbum Mas Alla de Tu Mente, um dos discos progressivos da América Latina mais conceituados na Europa e nos EUA
Como era comum no terceiro mundo dos anos 1970, geralmente quando uma cena musical estava decadente na Europa, por aqui ela estava no auge. Em 1977 o rock progressivo agonizava na Inglaterra, tomada pelo punk. Enquanto isso, aqui no Brasil, o Genesis encantava multidões com seus shows, plateias essas já previamente encantadas também pela passagem de Rick Wakeman, dois anos antes. Não só no Brasil e na Argentina, mas também em outros países da América do Sul, o rock progressivo encontrava-se em plena ascensão.
Prova disso foi a fundação, naquele ano, da banda Estructura, formada na cidade de Maracay, Venezuela, por David Maman (teclados, vocal), Antonio Rassi (guitarra), Agni Mogollón (baixo, vocal), Domenico Prioretti (bateria, vocal), Walton de Jongh (percussão, efeitos), Marisela Perez (vocais principais) e Maria Eugene Ciliberto (guitarra).
O Estructura entrou para a história do gênero por lançar, em 1978, o álbum Mas Alla de Tu Mente, um dos discos progressivos da América Latina mais conceituados na Europa e nos EUA. Nitidamente influenciados por Journey to the Center of the Earth, de Wakeman, o Estructura escalou Gustavo Pierral para cuidar da narração, situando o ouvinte em meio à aguçada jornada musical promovida pela banda. Prog sinfônico, fusion, space rock, música eletrônica. O Estructura flertou, com sucesso, com todos esses gêneros no imponente Mas Alla de Tu Mente, gloriosamente lançado, com duas capas diferentes, pelo selo local Grabaciones Mundiales.
Para um trabalho tão ambicioso, os shows de promoção do LP deveriam ser tão grandiosos quanto. A banda recrutou então orquestra e coral para executar seu álbum conceitual na íntegra, apoiando-se também no quesito visual, com explosões e efeitos especiais no palco. O rock venezuelano nunca tinha presenciado nada parecido, mesmo contando com bons nomes locais como Tempano, Vytas Brenner, Ficcion e Parthenon.
Dois anos depois, o Estructura lançou seu segundo e último disco, chamado apenas Estructura. O instrumental e a execução dos temas, ainda bem sinfônicos e até mesmo fusion, continuavam primorosos, com belos sons de moog e frases espertas de guitarra. As melodias vocais de Marisela Perez estavam mais pop, condizentes com aquele ano de 1980 e com a nova década. Por outro lado, as guitarras estavam também mais pesadas.
Mesmo tentando adaptar-se aos novos tempos e às tendência musicais, a música do Estructura não sobreviveu àquele momento de transição e o grupo encerrou suas atividades na sequência.
Seguiram-se dez anos de silêncio, até o segundo álbum ser relançado, com capa diferente e mais “moderna”, em 1990. Na Europa, alguns interessados no gênero arrancaram seus cabelos, mas na Venezuela em si o relançamento passou despercebido. O destino dessa grande banda parecia mesmo ser o ostracismo.
Texto originalmente publicado na pZ 48.
Adoro progressivo e pessoas mil desculpas por em meus 53 anos ouvir essa banda pela primeira vez hoje virada de ano2019/2020, gente que som é esse que deixei passar batido.
uma obra magnifica dessa banda. pena ser difícil encontrar álbuns da mesma. queria obter CDs da mesma!
Que banda maravilhosa, sons lindos, criativos , eu também estou conhecendo só agora, com 60 anos e muito rock, vou salvar aqui e ouvir muito esta banda. Espero que voltem a apresentar seus trabalhos, receberei com muita alegria.