The Stooges: Tudo sobre Fun House

Depois de um ano de muito ensaio, drogas pesadas e estrada, o grupo liderado pelo então Iggy Stooge, queria mais sangue do que nunca

por Bento Araujo     03 nov 2014

the_stooges_-_fun_houseApesar de uma avassaladora estréia em 1969 com um álbum auto-intitulado, os Stooges eram um grupo completamente diferente em 1970. Pode-se dizer que eles tinham mais vontade do que outra coisa no final da década de 1960. Amparados pela produção mais viajante do velvet John Cale, a estréia dos rapazes expelia beats primitivos a la Troggs (como em “No Fun”) e fuzz tosco escorrendo pelos três dos mais imundos dos acordes no hino punk “I Wanna Be Your Dog”.

Em Fun House os Stooges estavam muito mais maduros e sacanas. Depois de um ano de muito ensaio, drogas pesadas e estrada, o grupo liderado pelo então Iggy Stooge queria mais sangue do que nunca.

Ouvindo Miles e Coltrane e cheirando sem parar, a banda levava sua sonoridade ao limite, incluindo pitadas de free-jazz e groove mortal, casando perfeitamente com o punk primitivo original do quarteto. O impacto explosivo de Fun House era a pura visão apocalíptica de Iggy Pop, o sujeito mais insano que já havia subido num palco. Iggy queria ser queimado vivo; como disse Simon Reynolds, na Melody Maker, Iggy transformava romantismo em fascismo, como um mistura de Nietzsche com Beavis & Butthead.

Surgindo para o mundo em 1968, os Stooges fizeram dois álbuns em dois anos e mancharam de sangue e atitude a história do rock n’ roll. Pouco após o lançamento de Fun House, em agosto de 1970, eles estavam literalmente na merda: sem grana, sem teto, odiados por todos na indústria fonográfica e carregando um vício infernal: o da heroína. Hoje, 38 anos depois, toda essa frustração e falta de reconhecimento ficou pra trás e Fun House é considerado por muitos músicos e críticos como o melhor disco de rock do universo.

Em 1970, a primeira dúvida que pairou sobre Fun House foi quanto à produção do álbum. Os Stooges estavam cansados de serem associados a demais bandas como o MC5 – eram considerados a “baby brother band” da banda de Rob Tyner e Wayne Kramer – e ao Velvet Underground, conexão óbvia após John Cale ter cuidado dos botões na estréia dos Stooges.

O nome mais cotado para a produção do segundo registro do grupo era Jim Peterman, produtor do staff da gravadora deles, a Elektra. Jim tinha sido tecladista da banda de Steve Miller e foi um nome bastante cotado para assumir a “encrenca”.

Reza a lenda que outro candidato para o cargo era um jovem chamado Jackson Browne. Por mais bizarro que isso possa soar, Browne era nessa época algo bem distante do ícone da cena singer/songwriter californiana que ele viria a se tornar durante aquela nova década. No final dos anos 60, Browne seguia trovadores lendários como Tim Buckley e Tim Hardin pelos becos de Nova York, onde conheceu Nico, com quem teve um affair. O próximo namorado de Nico seria outro carinha bem jovem, um tal de Jim Osterberg, novo contratado da Elektra e que se transformara em Iggy Stooge. Vendo por esse lado, a conexão de Browne com os Stooges soa menos absurda.

Depois de cogitarem a presença de Eddie Kramer, (Hendrix, Led, etc.) a escolha da Elektra acabou sendo um outro jovem membro de seu staff, Don Gallucci, que estava em alta, pois acabara de produzir um hit nacional: “Go Back”, da banda Crabby Appleton. Gallucci, além de compositor e tecladista, era conhecido da cena garageira norte-americana; havia tocado com o grupo Don & The Good Times, e apesar do guitarrista dos Stooges (Ron Asheton) garantir que aquilo tudo foi mesmo uma escolha da gravadora, Gallucci trazia um certo clima mais familiar para o estúdio. Iggy também se identificou de cara com o produtor, que era uma espécie de ídolo do vocalista simplesmente pelo fato de ser Gallucci que tocou piano na gravação original de “Louie Louie”. Com apenas 14 anos de idade, Gallucci gravou essa pérola ao lado do Kingsmen, grupo idolatrado pelos Stooges. Estava tudo em casa…

A sonoridade forjada em Fun House, o álbum, na verdade foi parida quando o grupo alugou uma casa semi-abandonada numa região literalmente largada de Detroit. Morando todos em comunidade, Iggy, os irmãos Asheton e o baixista Dave Alexander ensaiavam pra valer e batizaram o novo lar de Fun House; agora reformada, com vários apartamentos privativos e um porão gigantesco. Som, drogas pesadas e orgias sacanas foram o cenário das composições para o segundo álbum do grupo.
Inspirado pelo primitivismo de vanguarda do compositor Harry Partch, Iggy Pop “envenenava” os instrumentos do seu grupo usando peças achadas num depósito de lixo. A tosqueira musical estava com data marcada pra começar…

stooges_down_on_the_street

Um passo certeiro na concepção de Fun House foi a inclusão de um saxofonista de verdade na formação original da banda: Steve Mackay. O MC5 flertava com jazz em seus concertos e tinha até uma forte conexão com caras como o lendário Sun Ra, o que caracterizava uma sonoridade única de Detroit: a mistura do rock mais sujo e deteriorado com a liberdade do jazz. Outra grande influência dos Stooges era a banda principal do selo deles, os Doors. Segundo Ron Asheton, foi somente quando os Doors incluíram sax na canção “Touch Me” que a fixa caiu: “Nós podemos fazer melhor que os Doors!”, pensou o guitarrista. Os Stooges passaram a acreditar que este era o caminho e efetivam os sopros no grupo… Ao vivo a fórmula estava dando certo, então por que não levar tal transgressão para dentro do estúdio? O resultado estava nas duas derradeiras faixas de Fun House: a faixa título e “L.A. Blues”.

Mackay acabou entrando na vida dos Stooges de forma engraçada. Ele tinha sido contratado por uma loja de discos, a Discount Records, para substituir o antigo estoquista do estabelecimento, o próprio Iggy, que havia optado por ser um Stooge full-time. A boa impressão causada pelo saxofonista em Iggy acabou acontecendo durante um festival de música na Universidade de Michigam, onde Mackay tocou ao lado de três bandas: Carnal Kitchen (um duo pirado de sax e bateria), The Charging Rhinoceros of Soul e o Commander Cody & His Lost Planet Airmen. Iggy estava fissurado em James Brown na época e achou que os sopros psicodélicos de Mackay iriam trazer um groove diabólico para a música rude de seu grupo. Além disso, Mackay também era artista gráfico e cartunista, publicando inclusive uma tira de sucesso na revista Creem.

É sempre bom lembrar que quem na verdade apresentou o jazz pra toda essa turma foi John Sinclair; líder político, malucão de carteirinha e padrinho do MC5. Foi Sinclair que fez a moçada abrir os ouvidos para caras como Pharaoh Sanders, John Coltrane e Sun Ra. Mackay costuma admitir inclusive que foi quando Sinclair lhe mostrou Archie Sheep que ele mudou completamente seu estilo de tocar sax.

Um belo dia Mackay foi trabalhar normalmente na loja de discos, quando Iggy chegou por volta das 10h00 da manhã e falou: “Cara, arrume suas malas que um carro vem te buscar e te levar para o aeroporto… Vamos pra Califórnia!”.

Integrado aos Stooges, Mackay sente de vez o clima insano do grupo numa noite alucinante no Whiskey A Go Go de Los Angeles e logo depois numa apresentação no conceituado Fillmore West, em São Francisco. Ali o grupo se apresentou como headliner, tendo como supporting act os Flaming Grooves e o Alice Cooper Group.

Em S.F. a “perdição” foi total. Iggy ficou amigo de Augustus Owsley Stanley III, o mais famoso guru do LSD da América, responsável pelos mais potentes alucinógenos da época. A viagem começava agora pra valer: Iggy, animado em ver o mar pela primeira vez em sua vida, se meteu em diversas confusões. Primeiro foi parar numa orgia gay do grupo teatral dos Les Cockettes; depois se envolveu com uma prostituta latina de 14 anos de idade que costumava sair com rockstars em troca de heroína. Iggy voltou para L.A. e, segundo sua biografia oficial, trouxe consigo doenças venéreas, piolhos e outras infecções de uma vida de excessos.

De volta à cidade dos anjos, a entourage psicótica e selvagem dos Stooges firmou base no Tropicana Motel, localizado no Santa Monica Boulevard, bem no coração de West Hollywood. Os membros do grupo ficaram em quartos no segundo andar, com vista para a piscina e o restante da equipe e Mackay ficaram em acomodações mais modestas, na parte dos fundos do complexo. De propriedade de um astro do futebol norte-americano, o Tropicana era o motel mais rock n’ roll da cidade, uma espécie de Max Kansa’s City da costa Oeste. A maior vantagem era que tal motel ficava apenas a um quarteirão de distância dos escritórios e estúdios da Elektra Records.

De frente ao quarto de Iggy estava hospedado o lendário escritor beat e ex-Fugs, Ed Sanders; escrevendo um livro sobre a “Família”, uma comunidade alternativa liderada por um carismático líder, um sujeito chamado Charles Manson. Os Doors mantinham o seu escritório lá e Andy Warhol também estava hospedado no Tropicana, junto com todo o elenco do filme Heat. Segundo a biografia de Iggy, Warhol ficava sempre excitado ao ver o vocalista nadar na piscina do motel. Warhol teria elogiado Iggy pessoalmente pelo seu porte físico e convidado o iguana para um bate papo noturno no quarto do artista. Iggy chegou a aparecer mais tarde, mas garante que tudo não passou de um agradável bate-papo…

Nessa época também começa a acontecer uma mudança, só que no guarda roupa de Iggy. Um repórter da revista Entertainment World cobria a visita do grupo em L.A. e reparou que Iggy tinha trazido um par de calças jeans, duas camisetas, dois pares de sapatos e um Ray-Ban no melhor estilo Ray Charles. Em contato direto com Warhol e os Cockettes de São Francisco, Iggy adotou dois acessórios que, junto a imagem de seu dorso nu, acabaram adentrando a história visual do rock n’ roll. Agora só de calça jeans surrada, Iggy vestia uma coleira vermelha de cachorro e um par de luvas femininas prateadas que vinham até o cotovelo. Mesmo o “contracultural” Ed Sanders estava chocado com o apelo visual de Iggy. Para Sanders, Iggy pregava o satanismo e queria ser como Manson. Sanders provava então que toda a Califórnia entrava numa paranóia coletiva graças aos crimes horrendos de Manson. Os Stooges eram uma ameaça não só para os caretas, mas também para os membros da contracultura e os hippies da costa Oeste. Aquela visão sonora particular do apocalipse, definitivamente não agradava ninguém nos idos de 1970.

Hospedados no Tropicana, os Stooges estavam preparados para dar início às gravações de seu segundo álbum, ali próximo, nos estúdios da Elektra. Conhecem finalmente o produtor Don Gallucci, que ao assistir um dos shows viscerais da banda resolve deixar o então novo álbum com uma sonoridade mais “ao vivo” possível, tentando capturar nos sulcos do vinil toda a performance incendiária da banda no palco. De acordo com uma declaração de Ron Asheton, a banda estava no ponto: “Desde o primeiro álbum, estávamos direto na estrada. Preparamos essas canções na estrada, na frente do público, então sabíamos que elas iriam funcionar bem também em disco. Nós desenvolvemos esse material durante um certo tempo, então fomos incluindo essas canções novas no set list. De repente demos conta que tínhamos um repertório completamente novo e que era hora de registrar esse material. Estávamos prontos!”.

Durante oito dias, tudo foi gravado ao vivo no estúdio, inclusive os vocais de Iggy, que escolhia uma canção por dia para ser registrada, onde ele e o grupo iam tocando-a até alcançarem a versão desejada. Na sala da Elektra estavam posicionados os Marshall Stacks de Ron e Dave, exatamente como eles os montavam nos shows do Grande Ballroom, em Michigan. Dois PAs também serviam para a voz de Iggy, que gravou tudo com o microfone na mão, buscando e exato feeling das apresentações da banda.

Confiantes e redondos como nunca, as sessões foram completas manifestações de uma banda no auge de sua selvageria e força, como comprova a caixa de sete cds The Complete Fun House Sessions lançada pela gravadora Rhino em 2001. Ali você pode se deleitar com todos os takes originais das gravações deste álbum seminal. Recomendadíssimo.

Como braço direito de Gallucci no estúdio estava também o engenheiro de som Brian Ross-Myring, um discreto sir inglês que já tinha trabalhado com músicos de jazz e com Barbra Streisend. Claro que os Stooges não eram a praia daquele competente profissional, mas certamente ele se divertiu a beça com Iggy e os rapazes, fazendo um grande trabalho ao lado de Gallucci.

Segundo Ron, o que também foi crucial na sonoridade de Fun House foi a qualidade espetacular dos estúdios da Elektra. O dono do selo, Jac Holzman era um autêntico audiófilo, então foi natural que ele exigisse a melhor acústica e tecnologia para oferecer aos seus contratados. Equipamentos de ponta e uma decoração aconchegante, com tapetes persas, contrastaram com a violência sonora emitida pela banda tosca de Detroit.

Apenas sete músicas fizeram parte de Fun House. Durante as gravações o grupo chegou a registrar um oitavo tema chamado “Lost In The Future”, que acabou ficando fora do mix original do álbum. Sempre foi muito falado também que eles chegaram a gravar um nono tema, a canção “Dog Foot”, mas nem mesmo a Rhino localizou tal gravação quando varreu seus arquivos para o lançamento de tal box set citado acima.

Outro fato engraçado aconteceu durante as gravações de Fun House; o grupo foi espionado por um espantado Jim Morrison. Quem explicou melhor foi o guitarrista Ron Asheton, nas liner notes do box da Rhino: “Eles tinham um imenso vidro espelhado no estúdio e foi só mais tarde que eu fiquei sabendo o que era aquilo na verdade. Alguém da gravadora me disse que os Doors (o grupo de maior sucesso da Elektra) estavam se sentindo intimidados e um pouco ameaçados pela atenção que os Stooges vinham recebendo, então Jim Morrison estava lá conferindo o que estávamos fazendo do outro lado daquele espelho, só que nós não conseguíamos vê-lo. Quando anos depois eu perguntei sobre isso ao tecladista Ray Manzarek, ele deu risada e me confessou: ‘Bem, nós estávamos mantendo o olho em vocês…’.

Para o bem de Fun House, como obra, a pressão da Elektra acabou sendo limitada ao único compacto extraído da bolacha: Down On The Street/1970 (I Feel Alright). Ambos os lados foram editados para caber melhor no esquema das rádios AM pela América. Até que alguém do selo decidiu que o lado A deveria ser um pouco mais palatável ao grande público e que isso só aconteceria com a inclusão de alguns sons de teclado, ou seja, algo na linha dos Doors. Coube a Don Gallucci fazer o overdub e adicionar um teclado no melhor estilo Ray Manzarek pra cima de “Down On The Street”. Essa versão mais pop acabou saindo unicamente neste compacto, sendo que nem mesmo o guitarrista Ron Asheton se lembrava dessa traquinagem, até a raspagem do tacho feita pela Rhino nos 13 rolos originais de Fun House.

Lançado em agosto de 1970, exatamente um ano após o disco de estréia, Fun House vendeu pouco. Comparado ao anterior, as vendas até que foram mais satisfatórias, mas o reconhecimento por completo só começaria mesmo a surgir em 1977, quando o álbum foi usado como cartilha pelo movimento punk britânico. Antes disso, Fun House só tinha lugar especial de destaque na jukebox do Max Kansa’s City ou na vitrola do imortal Lester Bangs.

The Stooges 1970

1970 na stoogeland…

# O grupo participou do Cincinnatti Pop Festival e chegou assustando as conservadoras famílias norte-americanas via rede nacional de TV. No meio do concerto, Iggy se atirou na platéia, que o ergueu pelos pés. Caminhando sobre as pessoas ele passou pasta de amendoim em seu peito e atirou o restante da guloseima na platéia. Tal episódio rendeu uma boa publicidade para a banda e as vendas de Fun House melhoraram um pouquinho…

# O show no Cincinnatti Pop Festival foi também transmitido na Inglaterra. David Bowie toma conhecimento da banda e cai de amores por Iggy.

# Ainda impressionado com a repercussão da performance de Iggy com a pasta de amendoim, Dave Alexander resolveu chamar atenção num show e botou fogo em seu baixo no melhor estilo Hendrix. O problema é que as chamas atingiram quase dois metros de altura e Dave não conseguiu controlar o fogo. O figura ainda piorou a situação se jogando em cima das chamas, tentando apagar o pequeno incêndio. Resultado: uma camiseta destruída e um peito chamuscado.

# Durante um mega festival open air em Goose Lake, Michigan, Iggy literalmente apaga antes de adentrar o palco. Dividindo as honras com bandas como Canned Heat, Savoy Brown, Jethro Tull, Joe Cocker, Ten Years After, Alice Cooper, Chicago, James Gang e The Flying Burrito Brothers; os Stooges quase perderam o seu vocalista, que teve uma amnésia devido ao excesso de drogas, esquecendo inclusive a razão pela qual estava ali.

# A loucura da estrada também ataca Dave Alexander, que antes de um show toma dois calmantes, enche a cara e fuma uma quantidade surreal de maconha. Na hora “H” o baixista travou e não conseguiu tocar uma nota certa sequer durante um show do grupo. Iggy, furioso, demitiu Alexander imediatamente e colocava assim um ponto final na essência dos Stooges. Segundo Ron Asheton, depois deste episódio eles nunca mais seriam uma banda de verdade.

# Após a confusão com Alexander os Stooges se transformam num sexteto, com Iggy chamando o amigo Zeke Zettner para o baixo e o roadie Billy Cheatham, ex-companheiro de Ron no Dirty Shames, para assumir uma segunda guitarra.

# O grupo arranja uma residência de quatro noite seguidas no Ungano’s, em Nova York. Para segurar a barra, Iggy assume que precisa descolar cocaína da melhor qualidade, e para tanto, pede um adiantamento ao vice-presidente do seu selo (a Elektra). Inicialmente o executivo se negou em sustentar o vício de seu contratado, mas depois acabou cedendo como forma de se livrar de Iggy.

# Os shows no Ungano’s foram uma marco para a cena roqueira de NY. Warhol e sua trupe, Patti Smith, Dee Dee Ramone…todos estavam lá. Johnny Winter estava também presente e odiou tudo. Outra figura lendária presente era Miles Davis, que foi convidado a cheirar um pouco de pó nos camarins com a banda; esse um dos pontos altos da carreira de Ron Asheton, segundo o próprio. Miles gostou da música “Fun House” e disse que os Stooges eram a “The Real Shit”.

# Através do batera Scott Asheton os Stooges descobrem a heroína. Ele travou contato com a droga durante os bastidores de um show do conglomerado Parliament/Funkadelic. Seu irmão, Ron, nega qualquer envolvimento, mas Iggy cai de cabeça no novo vício. Uma grave crise interna afeta os Stooges a partir de então. Iggy fica tão viciado que passa a traficar para sustentar o vício. Seu parceiro no novo negócio é o guitarrista do MC5, Wayne Kramer. Na casa de Michael Davis (baixista do MC5), Iggy tem uma overdose e é trazido de volta à vida pelo próprio dono da casa, mediante respiração boca-a-boca e uma ducha gelada.

Fun House Faixa A Faixa

Down on the Street
O riff de Ron Asheton e o grito insano de Iggy já deixa claro que os anos 1970 chegaram pra valer. Chega de paz e amor e é bom você segurar a onda…

Loose
“I’ll stick it deep inside…”. Letra pra lá de sacana, amparada por música idem. A letra original era muito pior ainda, e acabou sendo deixada de lado em função dessa versão mais clean.

T.V. Eye
Inspirada nas pernas da irmã garotinha dos Asheton, Iggy não perdoou e lançou um “TV Eye” pra cima das coxas da menina. Na gíria das garotas, o título seria a abreviação de Twat Vibe Eye, ou seja, um olhar com segundas intenções e vibrações pra cima do sexo frágil.

Dirt
O groove preferido de Ron Asheton, que chegou a jurar que nunca mais tocaria esse tema em respeito a formação clássica dos Stooges. Fim de linha emocional e musical, trilha perfeita para os novos e pesados tempos. Créditos para o Stooge esquecido: o baixista Dave Alexander.

1970
Resposta e continuidade da canção que abria o álbum anterior, “1969”. Intensa, urgente e moderna, mesmo décadas depois.

Fun House
Faixa título perfeita de um álbum perfeito. A primeira jam com o saxofonista Steven Mackay, eternamente registrada para o deleite de seus tataranetos.
Prepare as próximas gerações.

L.A. Blues
A ideia de tentar registrar um trecho do freakout que encerrava todas as apresentações do grupo nessa altura. Frustração adolescente misturada com a liberdade do free jazz.

Artigo originalmente publicado na pZ 20

  1. Rodrigo Sputter

    Vou ler com calma, pois desde 1993 pra mim esse é o melhor disco de sonoridade ROCK da história…mas logo no começo do texto eu acho que eles estavam mais pra pra albert ayler e pharoah sanders do q pra miles/coltrane…

    Responder

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *