Lee Moses – Time and Place

Lee Moses e sua pérola de valor inestimável para a soul music

por Bento Araujo     28 jun 2014

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LEE MOSES – Time and Place (1971, Maple 6001)

Moses morreu em 1997, completamente esquecido, mas assim como o mítico Baby Huey, pode ser considerado o autor de uma pérola de valor inestimável para a soul music, no caso este Time And Place.

Esse soulman nasceu em Atlanta, Georgia, USA, e ainda no final dos anos 50 montou sua primeira banda amadora, Showstoppers. Na metade da década seguinte Moses estava relocado em Nova York e lá conheceu Johnny Brantley, que co-escreveu e produziu seu primeiro compacto: “My Adorable One”, em 1965.

O selo Musicor, empolgado com o estouro de Otis Redding, contratou Moses para gravar três compactos em 1967, dentre eles “Bad Girl” e versões instrumentais para “Reach Out, I’ll Be There” dos Four Tops e “Day Tripper” dos Beatles. Todos fracassos retumbantes. De cabeçada em cabeçada o soulman foi seguindo adiante na medida do possível. Outra tentativa frustrada veio em 1969, com o compacto “Dark End of the Street”.

Em 1970 surgiu a grande chance da vida de Moses, a gravação de Time And Place, produzido por Brantley e lançado no ano seguinte. Releituras funkys para “Hey Joe” e “California Dreaming” hoje deleitam qualquer ouvinte com o mínimo de groove correndo em suas veias, mas na época passaram totalmente batidas do público. A semelhança com Baby Huey soa mais emblemática nas covers, que por si só já valem o disco. Cuidando da parte instrumental, membros do Ohio Players e da banda de apoio de Moses na época, The Deciples.  Em “Free At Last”, a junção de um contrabaixo pulsante e desbravador, metais no ponto e a voz carregada de alma de Moses geram um resultado fulminante, uma espécie de explosão contida, a mais difícil característica de se conseguir no soul.

Em “What You Don’t Want Me To Be” Lee canta sobre a dificuldade em tentar ser o que ele definitivamente não é. Enquanto a guitarra dita o clima, as vocalistas de apoio imploram para Moses ser ele mesmo. Momento crucial.

Em 1973 o soul brother de Atlanta deu uma mão para o amigo The Mighty Hannibal, no clássico disco Truth, outra pedrada do período. Moses ficou em Atlanta, e tocava com certa frequência em qualquer espelunca da cidade, até falecer, numa pior.

Texto originalmente publicado na pZ 41

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