Musicalmente, artisticamente e esteticamente, o Neu! foi dos combos mais inquietos e rígidos de sua geração.
NEU! – Neu!
Brain Records, 1972
Design: Klaus Dinger
A culpa foi de um amigo do baterista Klaus Dinger. O sujeito trabalhava com publicidade e contou a seu amigo músico que a palavra mais usada nos anúncios publicitários era a palavra “neu”, ou seja, “novo” em alemão. Seria um belo nome para um projeto musical, principalmente para aquele que Dinger estava fomentando com seu companheiro Michael Rother, em Dusseldorf.
Rother e Dinger mal haviam deixado o Kraftwerk e começaram a registrar sessões livres de música experimental sob o comando do produtor Conny Plank. Para representar aquilo, a banda e a música que faziam, um logo pop-art foi criado usando a palavra Neu. Dinger explicou, antes de sua morte, em 2008: “O logo que aparece na capa do primeiro disco foi um protesto contra a sociedade de consumo e contra os nossos ‘colegas’ da cena krautrock. Eu estava por dentro de Andy Warhol, arte pop e contemporânea. O meu pensamento era sempre muito visual.”
Na época, Dinger morava numa comunidade hippie e, para se manter no local, precisou montar uma agência de publicidade amadora. Ali, cercado de amigos pretendentes a publicitários, seus sentidos auditivos eram sempre aguçados pela palavra “neu”.
O nome da banda batizou seu primeiro disco e surgiu imponente na capa, minimalista, simplória, porém, estilosa e pouco usual para a época – uma concepção certeira de Dinger. O fundo era branco, insólito e gelado. A palavra NEU! surgia em negrito e itálico, numa coloração vermelho sangue e com um fulminante ponto de exclamação. Uma espécie de grafite violento, um soco no olho.
As seis inovadoras faixas do LP seguiam uma abordagem radical similar. O nome do grupo sugeria aquilo, a capa, sugeria mais ainda.
A capa e o disco foram um sucesso no underground, principalmente graças ao apadrinhamento do DJ britânico John Peel, que executava faixas como “Jahresübersicht (Part Two): Negativland” e “Hallogallo” em seu programa de rádio.
Musicalmente, artisticamente e esteticamente, o Neu! foi dos combos mais inquietos e rígidos de sua geração. Continuam à frente de qualquer tempo, atormentando olhos e ouvidos acostumados com a mesmice.
Um dos maiores nomes do Krautrock.