Depois de três álbuns de estúdio Nugent estava pronto para dar a cartada definitiva de sua carreira, um álbum duplo ao vivo, registrando toda insanidade e volume do seu show
A cidade de Detroit se tornou um capítulo a parte na história do rock. Terra das indústrias automobilísticas e da Motown, Detroit possuía fatores extremamente favoráveis ao surgimento de novas bandas: bons estúdios, incontáveis clubes, adolescentes apaixonados por rock e casas noturnas ideais para pequenas apresentações.
Também em Detroit “Rock City” e redondezas, surgiram os grupos: The Bob Seger System, Terry and the Pack (que se tornaria o Grand Funk Railroad), Frost e duas das bandas que mais influenciaram o punk rock: The Stooges e MC5.
O som de Detroit era único e inconfundível, prova maior disso aconteceu quando bandas de todo o país migravam para a cidade. Nessa altura, dava muito cacife “ser de Detroit”.
Um jovem guitarrista chamado Ted Nugent sabia que essa fama estava crescendo cada vez mais e resolveu desde muito cedo assumir sua nacionalidade roqueira.
Nugent nasceu na cidade dos motores, em 1948, e começou tocar guitarra aos nove anos de idade. Em 1960 ele já tocava em sua primeira bandinha, the Royal High Boys, que logo passou a se chamar The Lourds, mistura de loud (alto) com lord (lorde). Nugent não queria deixar por menos e não muito depois montou um novo grupo, The Amboy Dukes.
Foi nessa época de Nugent começou a agir como Cassius Clay, se elegendo o melhor guitarrista do mundo e chamando para briga gente como Jimmy Page e Jeff Beck. Nugent chegou a ir fazer tais convites em rádios de Detroit, o que serviu de ótima estratégia de marketing, pois seus concertos estavam cada vez mais concorridos.
A performance insana do Motor City Madman chamou também a atenção da CBS que contratou Nugent e o lançou como artista solo em 1975. Sua carreira decolou e ele se transformou num dos mais famosos guitarristas da América.
Depois de três grandes álbuns de estúdio; Ted Nugent (1975), Free-for-All (1976) e Cat Scratch Fever (1977), o músico estava pronto para dar a cartada definitiva de sua carreira, um álbum duplo ao vivo, registrando toda aquela insanidade e volume que Nugent despejava a cada violenta apresentação. Outro importante fator ajudava: Nugent e sua afiada banda de apoio eram uma das mais concorridas atrações do showbizz norte-americano da época, lotando arenas e estádios costa a costa.
Double Live Gonzo! saiu em 1978 e seguiu a cartilha de outros multi-platinados álbuns ao vivo daquela década, como Kiss Alive!, do Kiss, Frampton Comes Alive, de Peter Frampton e Live At Budokan, do Cheap Trick. A bolacha dupla alavancou ainda mais a carreira de Nugent e teve o mérito de trazer para os sulcos do vinil toda a energia e vitalidade de sua performance, característica essa que, queira ou não, acabou ficando ausente dos três registros anteriores de estúdio.
Dentre as pauladas podemos destacar Baby Please Don’t Go, Great White Buffalo, Wang Dang Sweet Poontang, Cat Scratch Fever e as longas jams; Hibernation, Stormtroopin’ e Stranglehold.
Double Live Gonzo!, além de ser a despedida definitiva do grande Derek St. Holmes, o fiel comparsa de Nugent nessa primeira fase, entrou para a história do rock como sendo um grande exemplo de “pegada” nas seis cordas; detroit sound na veia, volume alucinante, discursos insanos entre as faixas, etc. Apenas um retrato do auge da carreira do selvagem Nugent…