Se a Tchecoslováquia teve um guitar hero, este foi Radim Hladík, o líder do Modrý Efekt, que assim se chamava por ordem do governo local, que não permitia um grupo usar um nome em inglês, como Blue Effect
É impressionante como muitas bandas progressivas dos anos 70 surgidas do lado de lá da Cortina de Ferro têm um inestimável valor artístico. Não bastasse o fato de atuarem debaixo das mais precárias e sufocantes condições, esses grupos ainda podem se gabar de nunca terem soado como uma cópia de algum gigante do progressivo britânico.
Se a Tchecoslováquia teve um guitar hero, este foi Radim Hladík, o líder do Modrý Efekt, que tinha de assim se chamar por ordem do governo local, que não permitia um grupo usar um nome em inglês, como Blue Effect. Foi Radim Hladík quem deu a seu país uma banda similar em importância ao o que o Omega foi para a Hungria, ou o SBB para a Polônia.
Esse disco, o quinto do conjunto, lançado em 1975, acaba sendo um deleite para aqueles que apreciam a música de bandas como os argentinos do Crucis, os holandeses do Focus, ou os ingleses do Wishbone Ash.
O disco contém cinco temas: “Boty”, “Čajovna”, “Skládanka”, “Ztráty a Nálezy” e “Hypertenze”; entrelaçados, criam um panorama sinfônico/instrumental único dentro do cenário. É um mundo permeado por baixos Rickenbacker, longos solos caprichados, bateria certeira e teclados que complementam magistralmente o resultado final. Aliás, o tecladista Lesek Semelka está no mesmo nível de Radim Hladík. Em algumas passagens, ele ataca de forma inspirada, como os bambas do jazz. O que Semelka apronta ao lado do flautista/saxofonista Jiří Stivín em “Hypertenze” é digno de nota.
O Blue Effect ainda lançou mais três grandes álbuns: Svitanie (1977), Svět Hledačů (1979) e 33 (1981), antes de deixar o mundo do rock progressivo por mais de 25 anos.
A volta aconteceu somente em 2007 e resultou num CD ao vivo e em dois DVDs (um ao vivo e outro acústico). A banda vem excursionando com frequência e suas apresentações são sempre bem concorridas.
O guitarrista Radim Hladík continua liderando a turma e permanece como um ícone resistente da boa música da porção mais ao leste da Europa.
Artigo originalmente publicado na pZ 54